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por A senhora do gatinho, em 23.07.13

Dramas de uma estudante desesperada

E uma pessoa, depois de saber que agora tudo é Mestre e apesar de já ter feito uma licenciatura de 5 anos, decide voltar a estudar. E vai para as aulas à noite, já exausta do trabalho, e faz trabalhinhos individuais e trabalhinhos em grupo para as 1001 disciplinas, prepara apresentações orais e até faz frequências. Tudo isto no 1º ano. No segundo ano, a bendita tese. Pesquisas e mais pesquisas, reuniões com os orientadores, traduções e mais traduções, porque o mundo está em inglês. Depois chega, finalmente, o dia em que a tese está pronta, levamos à gráfica e mandamos fazer os 500 000 exemplares que a universidade exige, deixando-se lá uma quantia que dava para comprar uns dez ursinhos da TOUS. Tudo isto, claro, depois de já se ter pago tanta propina... é melhor nem entrar por aí. Já vos disse que adorava ter uma Rose Bag? Pois, não tenho. Chegamos a casa e dormimos. Jantar fora? Cinema? Comemorar? Nop, nop, queremos é dormir, tal é o cansaço. Claro que os mais paranóicos (como eu) ainda acordam a meio da noite para ver se o título, que já não pode ser mudado, está correto, se os nomes dos orientadores estão certos, se a paginação... Ops!!! descobre-se que a palavra "Índice" está um tamanho abaixo do que deveria estar, depois de a termos visto e revisto centenas de vezes. Sente-se desespero, impotência, afinal a tese já foi entregue. Então, decide-se não olhar mais para ela, ignorando o facto do nosso exemplar estar ali na prateleira a olhar para nós. Ouvi dizer que há mesmo quem a esconda. Não sei.  Até ao dia em que nos marcam a defesa. Medo meus amigos, muito medo. Depois... aiai, aiai, uiui, ufaaaa ... acabou! E correu muito bem e naquele momento parece que afinal todo o esforço valeu a pena. E já pegamos, sem medo, na pequenina (grande, enorme) que escrevemos, ainda incrédulos "fui mesmo eu que escrevi isto?". E quando voltamos à universidade para levantar o papelinho (sim, papelinho, mixuruca, nada de adornos, cristais swarovski, nada) que comprova que estivémos naquela universidade, fizemos as 1001 disciplinas e tivémos aquelas notas, pedem-nos 150 euros. 150 euros! 150 euros? 150 EUROS? ESTÁ TUDO DOIDO?

 

E pronto, tenho mais um papel no CV e menos 150 euros na carteira... é triste, meus amigos, muito triste.

 

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publicado às 11:09


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"Espalhou-se logo a notícia de que uma cara nova se passeava pela marginal: uma senhora com o seu gatinho" [adaptado de Tchékhov].

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