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por A senhora do gatinho, em 30.12.13

Voltar a casa

Saí da ilha do Faial há 16 anos. Sim, já faz bastante tempo, mas o Faial continua a ser a "minha casa". É aqui que está a maior parte da minha família, foi aqui que deixei os meus dois gatos quando decidi viver noutro lado (ainda hoje sinto o coração apertadinho por não os ter por perto, mas acredito que são mais felizes com os meus pais numa casa com quintal). Agora tenho a minha própria casa, uma gata (que desde bebé vive num apartamento) e que também adoro, mas esta é a "minha terra", estas são as "minhas pessoas", aquelas com quem tenho um passado em comum, que brincaram da mesma forma, que estudaram na mesma escola, que não se assustam com sismos, que sabem que quando a ilha do Pico apresenta um chapéu (de nuvens) é porque vem aí mau tempo, que não enjoam no mar, de tantas vezes que atravessam o canal, e que sempre conviveram com pessoas de outros países, com outras culturas, que todos os
anos chegavam em iates à marina da Horta. Para quem pensa que Açores é tudo a mesma coisa, está redondamente enganado. Atualmente vivo na ilha de São Miguel e posso assegurar que é uma ilha muito diferente do "meu" Faial. Para além da pronúncia (aquela que aparece na televisão sempre que se referem aos Açores mas que, na realidade, apenas existe na ilha de São Miguel), os costumes também são diferentes. E isso muda tudo.
Gosto de rever os sítios por onde andei e onde cresci, gosto de estar com os amigos que conheço desde sempre, gosto destas pessoas em quem confio e que mesmo que passe um ano sem as ver (como foi o caso) sinto um à vontade como se ainda ontem tivéssemos estado juntos.


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publicado às 01:48



"Espalhou-se logo a notícia de que uma cara nova se passeava pela marginal: uma senhora com o seu gatinho" [adaptado de Tchékhov].

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