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Ontem voltei para casa, para aquela que realmente é a minha casa (quer-se dizer, ainda é mais do banco do que minha, mas há esperança de que um dia, daqui a muitos e muitos anos, e quando for muito, muito velhinha, possa ser mesmo minha. Questões financeiras de país de poucas oportunidades à parte, esta casa é o que tenho mais próximo de "meu" (neste caso, de nosso, enquanto projecto de vida a dois). Escolhemos o sítio, escolhemos os móveis (ah, os móveis são mesmo nossos, vá lá... bendito IKEA!), e é aqui que tenho de fazer todas aquelas coisinhas (muiiiito) chatas, como pagar contas, mudar lâmpadas, chamar um técnico quando há uma avaria, blá, blá, blá.. até aqui tudo bem, tudo "normal", mas o problema é que, por mais que uma parte de mim fique super contente por voltar a casa, afinal passei os últimos 15 dias fora, quando era suposto passar só uma semana, a verdade é que entrei no avião com um nó na garganta (e não foi pelo medo de voar,que também o tenho, é verdade, mas ontem até estava bom tempo, o que minimizou bastante o meu histerismo medo).
Quando o avião subiu, não consegui olhar para baixo. Deixar para trás a "minha" praia, a "minha" marina, o "meu" Pico (e até teria dado mais uma bela fotografia da montanha) custa muito. Com a família e os amigos, apesar de nunca ser a mesma coisa, vou matando as saudades diariamente pelo telefone e, de vez em quando, até vêm cá visitar-me. Mas, em relação aos lugares que mais gosto, é preciso mesmo estar lá, nem uma fotografia me consola.
O problema é que o mês passado, quando levantei voo em Lisboa, também senti o tal nozinho na graganta. Afinal, aquela também foi a "minha" casa durante vários anos.
Isto de já se ter vivido em vários sítios, à distância de uma viagem de avião uns dos outros, é lixado. Criamos raízes, depois andamos sempre de coração esfrangalhado e tornamo-nos umas pessoas piegas do pior.
A cidade de Ponta Delgada, vista do ar (com alguma turbulência - descolamos com bom tempo mas nunca sabemos como será a aterragem), ontem, ao final do dia.
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